quarta-feira, 26 de junho de 2013

A JUVENTUDE SE LEVANTA E A DIREITA TENTA DIRIGIR O MOVIMENTO


         O Brasil vive uma grande mobilização, fruto dos mais diversos descontentamentos, a ausência de perspectiva da juventude, os péssimos serviços públicos, a corrupção generalizada. A direita e a chamada “esquerda” se confundem. O PT transformou-se no melhor gerente dos negócios capitalistas. A massa órfã de representação se levanta. Ainda não é a classe trabalhadora, mas os seus filhos. O estopim foi a luta contra o aumento da passagem, seguida de outras reivindicações. Os governos trataram inicialmente o movimento como caso de polícia, o que só fez aumentar os protestos. Então a burguesia (grande imprensa e os governos estaduais e federal) passaram a apoiar verbalmente as manifestações “pacíficas” e a combater os supostos “vândalos”, num jogo de cena porque as manifestações continuaram sendo reprimidas, enquanto os verdadeiros “vândalos”, os membros da polícia secreta e da direita, foram deixados livres.

A luta pela direção
         Não podendo destruir o movimento pela repressão, a burguesia infiltrou nele todos os seus bandos reacionários: ONGs, militantes de direita, grupos fascistas (skinheads, carecas do ABC, TFP, e outros), que passaram a atuar mancomunados com policiais infiltrados, buscando dois objetivos: desvirtuar a pauta e expulsar a esquerda das passeatas com base no discurso anti-partido. A grande imprensa aplaudiu a expulsão dos “oportunistas”, membros dos grupos de esquerda: PSTU, PSOL, PCO, PCR, entre outros, que ajudaram a convocar o movimento. Essa direita, sim, é que nunca participa das lutas. A luta contra o aumento da passagem e pelo passe livre eram as bandeiras principais, embora muito limitadas. A direita tentou diluir essa reivindicação numa denúncia abstrata da corrupção e contra a PEC 37. A bandeira contra a corrupção, nas mãos da direita, não significa outra coisa que o “Abaixo Dilma”, Alckmin presidente”. É a campanha eleitoral antecipada ou o impeachment de Dilma, ou a preparação para um golpe futuro.
         É legítima a revolta contra o governo, mas deve ser também contra a direita. Derrubar o PT do poder é tarefa dos trabalhadores, não podem delegá-la ao fascismo. É preciso criar essas condições, que ainda não existem. Hoje somente a direita pode substituir Dilma. Por isso, o Fora Dilma é uma bandeira desta. A palavra de ordem contra a PEC também não é uma bandeira dos trabalhadores. É uma ilusão achar que o Ministério Público é preferível à polícia. Todas são instituições anti-populares por natureza. Não cabe ao proletariado meter-se nessa briga interna entre a burguesia. Infelizmente, a direita conseguiu impor a sua pauta e expulsou a esquerda de alguns atos.

Os “vândalos” e os métodos do proletariado
         A imprensa dividiu o movimento entre “vândalos” e manifestantes “pacíficos”. Os “vândalos” se dividem em militantes ingênuos e a própria polícia e a direita infiltrada. Existem militantes ingênuos que acham que as depredações são exemplos de “ação direta” que atacam os “símbolos do capitalismo”, bancos e o poder estatal. Estão equivocados. Compreendemos a revolta inconseqüente dos setores marginalizados. A depredação não representa nada diante da destruição feita pela burguesia. A juventude tem direito de errar. A burguesia não tem autoridade para puni-la. Estamos do seu lado incondicionalmente, mas não podemos dizer que um erro é um acerto. O erro não consiste no dano ao patrimônio, mas no fato de que não ajuda na luta ideológica contra a burguesia. É uma arma contra o movimento.
         Não somos pacifistas. O pacifismo de algumas correntes é uma forma de conciliação com a classe dominante. Os movimentos populares serão sempre atacados brutalmente, usando ou não de violência. É a experiência de muitos séculos. Os trabalhadores devem defender-se e não oferecer a outra face. A violência, em geral defensiva, deve decorrer da lógica da luta, ser uma necessidade dela e ter o apoio da massa. De nada serve atingir os “símbolos da burguesia”. Queremos expropriar os bancos, não quebrar as suas vidraças. O maior dano que podemos fazer à burguesia é enfatizar a bandeira da estatização do transporte e não trocá-la pelo método inconseqüente de “mijar no sapato da burguesia”, quebrando os seus vidros. Compreendemos a depredação da periferia marginalizada, por exemplo, nas revoltas de Caracas, Los Angeles, Londres e Paris. Mesmo não sendo feitas por marginalizados, as defendemos contra a repressão policial, que são os verdadeiros vândalos. Mas não concordamos com a depredação sem sentido. A maioria das depredações estão sendo feitas pela própria polícia infiltrada, em conjunto com os grupos fascistas, para criar um clima de terror.

Avaliação e propostas para o movimento
         A revolta popular deve ser independente, não dos partidos em geral, mas dos partidos do grande capital. De um lado, do PT e seus apoiadores (PMDB, PSB, PDT, PC do B e toda a chamada base aliada). O PT traiu todas as suas promessas e se transformou no melhor serviçal da burguesia. A CUT transformou-se no braço da burguesia entre os trabalhadores. Mas a burguesia não tem consideração por serviços prestados e hoje tenta canalizar o movimento contra o seu governo. A Frente Popular, ao se voltar contra o povo, pavimenta o caminho para a direita. Esta canaliza oportunistamente a revolta para a denúncia da corrupção (no caso, do PT) e para um falso nacionalismo, já que é tão corrupta quando o governo e é visceralmente pró-imperialista. Combate a amizade do PT com a Venezuela e Cuba em nome dos “valores nacionais” e contra o “comunismo”. Há muito tempo Cuba voltou ao capitalismo. Na Venezuela o grande capital não sofreu qualquer arranhão. O que a direita não tolera no chavismo é o seu discurso verbal contra os Estados Unidos. Quem quer que seja que ouse falar mal do seu amo imperialista é inimigo da reação. Respeitamos o nacionalismo do povo, mas não o “nacionalismo” pró-imperialista da direita.
         O discurso direitista contra partidos encobre que são o partido fascista. O discurso contra a corrupção mascara a sua própria corrupção. Quando se cobre com a bandeira nacional, disfarça a sua pele de lobo pró-imperialista. Coloca-se à frente da luta contra o aumento das passagens para melhor defender a máfia dos transportes. Não ousa colocar abertamente o seu verdadeiro programa: a cura gay, contra o homossexualismo, contra a liberdade feminina, contra os negros e nordestinos. É a barbárie embalada para presente.
 A despolitização é o caldo de cultura do fascismo. Os movimentos despolitizados, apenas por objetivos limitados, são presas fáceis da demagogia direitista.  Não existe solução para a corrupção dentro do capitalismo, nem serviços públicos de qualidade. O movimento conquistou a redução da passagem, mas transferindo os seus custos para o povo através da isenção fiscal aos empresários. Não abalou em nada os seus lucros. Já existe proposta de concessão do passe livre aos estudantes com base nas mesmas isenções. Essa vitória parcial amanhã será transformada em bandeira da direita contra essas “mordomias”. A luta contra o aumento da passagem deve ser apenas o primeiro passo. O objetivo maior deve ser a estatização total do transporte coletivo e dos serviços públicos em geral. A luta deve continuar pela expropriação do grande capital (bancos, empreiteiras, mineradoras, grande indústria). Somente o socialismo pode representar uma alternativa à barbárie capitalista, baseado na organização democrática dos trabalhadores. Dizem que o socialismo não deu certo. Certamente, porque foi corrompido de dentro pelo capitalismo, pelo que se chamou estalinismo. Mas, em quinhentos anos de existência, o capitalismo também não deu certo em nenhum lugar.
         Podemos começar com a organização por local de trabalho do atual movimento, que deve ser organizado em todas as escolas e sindicatos, elegendo representantes para uma coordenação local, regional e nacional. É indispensável organizar a autodefesa contra a infiltração da direita nas passeatas e a elaboração de um programa amplo que abranja todos os aspectos fundamentais da sociedade, muito além da questão da passagem. Somente um programa socialista pode dar coerência ao movimento.

- PELO PASSE LIVRE E PELA ESTATIZAÇÃO DO TRANSPORTE E DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
- PISO NACIONAL AOS PROFESSORES
- CONTRA A ISENÇÃO FISCAL AOS EMPRESÁRIOS
- SALÁRIO MÍNIMO DO DIEESE E FIM DO TRABALHO PRECÁRIO
- DIREITOS IGUAIS PARA TRABALHO IGUAL (FÉRIAS, 13° SALÁRIO, ETC).
- ORGANIZAÇÃO DA AUTODEFESA DAS PASSEATAS
- LIVRE PARTICIPAÇÃO DE TODAS AS ORGANIZAÇÕES DE TRABALHADORES
- CONTRA O PT E CONTRA A DIREITA FASCISTA
- PELO SOCIALISMO

                                                

Nenhum comentário:

Postar um comentário