domingo, 2 de agosto de 2015

O “ULTRA-ESQUERDISMO” DE DIREITA DO PSTU


         O PSTU está sendo criticado por parte da esquerda (PCO, etc.) e mesmo pela revista Carta Capital com base num vídeo onde Zé Maria defende que se deve “derrubar esse governo”, “por Dilma para fora” e “criar uma alternativa de trabalhadores ao governo”. Em resposta a essas críticas, publicou uma nota oficial, onde diz: “O PSTU não está propondo o impeachment de Dilma. Não queremos colocar nas mãos deste Congresso Nacional corrupto a solução da crise vivida pelo país”. “O que o nosso partido propõe é que os trabalhadores, . . . , se organizem e lutem para derrubar o governo Dilma, mas também Aécio Neves, Eduardo Cunha, Michel Temer e toda esta corja”.
        Essa crítica ao PSTU, mesmo que correta, é feita por quem não tem autoridade política para criticá-lo, porque parte dos apoiadores do governo, em nome do combate a um possível golpe de Estado. Não sabemos dizer quem é pior. O PSTU tem toda razão quando lhes devolve a crítica: “Fazer o jogo da direita não é lutar contra esse governo, do qual a direita faz parte, . . . , é tentar defender, fazer manifestações para blindar um governo que é repudiado, e com toda razão, pelos trabalhadores. É isso que deixa nossa classe nas mãos dessa falsa oposição que aí está”.
        O crime do PSTU não está em criticar o governo, mas em propor o Fora Dilma, que é, na aparência, radicalmente distinto do objetivo da direita. Propõe: colocar Dilma pra fora e criar um governo dos trabalhadores, sem patrões. A direita quer derrubar Dilma para criar um governo antipopular ainda mais repressor. Essas alternativas, aparentemente antagônicas, se transformam, na prática, uma na outra, pela simples razão de que a primeira não existe. O PSTU sabe disso, está fazendo conscientemente o jogo da direita. Os trabalhadores não estão em condições, em prazo razoável, de “colocar Dilma pra fora”, mas a direita está. É por isso que a palavra de ordem “Fora Dilma”, na atual conjuntura, serve exclusivamente a esta.
        O PSTU confunde a propaganda do poder proletário com a agitação do “abaixo o governo Dilma”, ele que sempre se omitiu da propaganda do socialismo, o que faz esporadicamente em artigos de jornal, apenas para a vanguarda. Jamais se dirige às massas para denunciar o capitalismo, e denuncia quem o faz, a quem rotula de “ultra-esquerdista”, ou a “ultra”, no seu jargão oportunista. Porque será que, justamente agora quando há um movimento golpista de direita, o PSTU se fantasia de ultra, propondo derrubar Dilma e criar um governo dos trabalhadores? Não seria a sua forma de aderir à direita, disfarçado de esquerda?
        Faz parte do passivo político do PSTU o seu tradicional apoio às intervenções dos Estados Unidos (Líbia, Síria, Ucrânia), sempre mascarado de apoio à supostas revoluções democráticas. No Brasil, opõe-se ao governo Dilma por razões legítimas, como o combate aos ataques liberais, mas também por outras razões inconfessáveis, ou seja, pelo mesmo alinhamento ao imperialismo dominante e à opinião pública pequeno burguesa. Os EUA não vêem com bons olhos a participação do Brasil nos BRICs e os seus negócios com a China, embora Dilma também esteja se submetendo a ele e implementando o seu programa.
        Essa política antipopular do governo o desgasta diante das massas e alimenta a campanha golpista de parte da direita, que mobiliza a opinião pública pequeno burguesa. Isso seduz o PSTU (cuja política se dirige ao mesmo setor social), mas não adere abertamente a essas marchas por senso de preservação. Já o MRS, participa delas sem culpa. No nosso país, o PSTU não pode se alinhar abertamente à direita, como o faz na Síria e na Ucrânia, que estão muito longe das suas bases. Daí porque a sua proposta de Fora Dilma vem justificada por um fantasioso governo dos trabalhadores. O seu “ultra-esquerdismo” serve para dar uma aparência de esquerda à sua capitulação, tentando agradar tanta a esquerda quanto a direita. Mas ninguém serve a dois senhores. Não é ao proletariado a quem serve o PSTU.